Um livro chamado Vida

Hoje acordei cedo. Ainda embalada pelo silêncio da cidade, resolvi ligar o modo “slow motion” da vida e comecei pelo descer das escadas.

Geralmente eu desço as escadas pela manhã já sendo (des)governada pela pressa. Com o pijama já descartado no armário, começo a colocar comida e limpar a família felina e canina que me cerca – começo no 220 – e muitas vezes até esqueço de tomar aquele último golinho da xícara de café porque me distraí com alguma demanda.

Mas hoje o dia começou diferente. Após esperar Johann (meu filho) me mandar notícias que chegou bem em sua nova cidade, resolvi fazer as coisas ao meu tempo, de um jeito novo.

Desci as escadas vagarosamente, ainda de pijama, coloquei o café para fazer e pedi para a Alexa tocar Al Jarreau bem baixinho; ainda aproveitando o silêncio exterior. O algoritmo dela deve ter surtado, pois o comando não foi o desesperado “Alexa, encontrar os gatos”.

Tomei meu café com toda calma do mundo, sentada durante todo o ritual, e onde estou até agora. A xícara nem foi a minha preferida, recordações do tempo em que Nhá Nina dividia o café da manhã comigo. Mas preferi não separar minha xícara do conjunto, já que todas já estão embaladas para a mudança.

Sentada em meu balcão começo a me despedir aos poucos da casa que foi a moldura para minha história. Ela já não é minha. Suas paredes não são mais minhas. De meu aqui somente as caixas que se amontoam em diversas pilhas: mudança, doação, lixo…

E vamos seguindo por novas histórias, novos locais, novas linhas nesse livro chamado Vida.


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