Ontem foi um dia atípico para o carioca. Chuva fina, vento frio, céu nublado.
Mesmo sendo carioca, eu vejo poesia em dias nublados e chuvosos. Dias assim têm sua beleza pálida, sua melancolia.
O Pico do Papagaio, cartão postal da Reserva do Grajaú estava com algumas partes encobertas, não permitindo que os montanhistas escalassem seus segredos.


E eu não aproveitei para escolher um bom lugar para ler um livro. Ainda não consigo.
Ainda possuo as marcas profundas que a Síndrome de Burnout deixou em mim. Marcas que ainda vão demorar muito tempo para sumir. Processo lento e demorado que não se cura com umas férias, mas sim ao longo do ano.
Mas não me dou por vencida porque estou aprendendo a força e o poder de ser resiliente.
Aproveitei para ouvir alguns músicos que não ouço há algum tempo, pois ouvi-los na playlist do carro não nos permite saborear cada nuance de tom, cada acorde, cada parada.
Ontem me dediquei ao blues e ao jazz. Aquele suingue gostoso da voz de John Lee Hooker e Taj Mahal. A melodia gostosa de Chet Baker, a saudade em cada nota de Léo Gandelman.
Me deliciei ouvindo um vinil de Al Jarreau cujo baterista era Jeff Porcaro, fundador da banda Toto.
Al Jarreau e Jeff Porcaro… Interessante como as vidas se entrelaçam, se cruzam, se contorcem para depois se separarem.

E assim, se hoje não vivo sem você, amanhã não sei onde você está. Mas isso não importa.
Importa que eu tenha te tocado de tal forma que você tenha levado uma nota minha, assim como uma nota sua compõe a partitura de quem eu sou.


Você precisa fazer login para comentar.