História e arte brasileira: Museu do Pontal no Rio de Janeiro

Neste final de semana tive a oportunidade de conhecer a “nova casa” do Museu do Pontal, aqui no Rio de Janeiro. Este museu, em seu início, era um acervo pessoal de 45 anos de buscas e estudos do designer francês Jacques Van de Beuque que ao longo de sua vida foi adquirindo peças dos mais diversos artistas e artesãos do Brasil. Assim, atualmente o museu pode ser considerado o maior e mais significativo museu de arte popular do nosso país.

entrada da exposição. Orquestra de pífanos do artista Luiz Antônio de Caruaru (PE)

A exposição encanta com tantas cores, formas, histórias e artistas em um só lugar. É como se pegassem o nosso Brasil, todas as suas épocas, todas as suas regiões, todas as suas manifestações culturais e colocasse em alguns metros quadrados. Lá conheci a verdadeira geringonça, ou seja, um boneco ou cenário que tem “engenhocas” que fazem todo o conjunto se mexer.

A entrada é gratuita, e existe a visita cantada, ou seja, mais que uma visita guiada, os arte-educadores cantam a exposição fixa.

Do lado de fora do museu há um lugar lindo onde podemos fazer picnic, além de que, se voce estiver muito cansado da exposição, pode descansar nas redes externas. Um lugar extremamente convidativo para um dia maravilhoso em familia ou com amigos.

E dessa vez, até eu saí na foto!

Até a próxima!

Circe, as Sereias e o Papel da Crítica na Sociedade

As mitologias servem para, através de histórias, podermos entender um pouco mais sobre nossa sociedade.

Assim como a Medusa (acesse o link), que foi julgada e condenada injustamente, temos uma passagem da Odisseia de Homero que nos deixa muita reflexão.

Na sua tentativa de voltar para Ítaca, Odisseu se encontra com a feiticeira Circe que o aconselha a não ouvir o canto das sereias que estarão o seu caminho de volta.

E porque Odisseu não poderia ceder ao canto das sereias? Pois embora seja um dos mais bonitos cantos, de tão sublime atrai os homens para a ilha onde elas vivem. Mas a única intenção de atrair os homens e para matá-los. Não há outro objetivo.

John William Waterhouse – Circe Invidiosa (1892)

E quem nunca ouviu o termo “cair no canto da sereia”?

Princípio básico da manipulação em nossa sociedade, muitas vezes pessoas são prejudicadas pela palavra certa, falada no tom certo, no momento certo. E assim se vendem até terrenos no Céu.

Por isso acredito que um dos princípios básicos de uma sociedade justa e igualitária é a educação e o exercício do senso crítico por tudo que se é falado e visualizado, ainda mais em tempos de redes sociais e inteligência artificial (IA).

E vejam que interessante, as sereias continuarão com seu canto, mas cabe a nós nos prevenirmos contra seu canto, que pode ser facilmente chamado hoje de fake news.

Em época de um país polarizado, cabe a nós fazermos uma análise crítica de tudo o que nos chega pelos veículo de comunicação / redes sociais. É obrigação nossa construirmos um país mais transparente

John William Waterhouse – A Feiticeira (entre 1911 e 1915)

Odisséia Canto XII, 30 a 50

Circe divina, depois que falei, tais palavras me disse:
“Logo já está realizado isso tudo; atenção ora presta ao que te passo a dizer: aliás, há de um deus recordar-to.
Primeiramente, hás de ir ter às Sereias, que todos os homens
que se aproximam dali, com encantos prender têm por hábito.
Quem quer que, por ignorância, vá ter às Sereias, e o canto delas ouvir, nunca mais a mulher nem os tenros filhinhos hão de saudá-lo contentes, por não mais voltar para casa.
Enfeitiçado será pela voz das Sereias maviosas.
Elas se encontram num prado; ao redor se lhe vêem muitos ossos
de corpos de homens desfeitos, nos quais se engrouvinha a epiderme.
Passa de largo, mas tapa os ouvidos de todos os sócios com cera doce amolgada, porque nenhum deles o canto possa escutar.
Mas tu próprio, se ouvi-las quiseres, é força
que pés e mão no navio ligeiro te amarrem os sócios,
em torno ao mastro, de pé, com possantes calabres seguro,
para que possas as duas sereias ouvir com deleite.
Se lhes pedires, porém, ou ordenares, que os cabos te soltem,
devem mais forte amarras à volta do corpo apertar-te.