Lutamos por nossos sonhos, mas esquecemos o que faríamos com eles
Sonhávamos em encontrar o amor da nossa vida, mas a rotina nos faz esquecer do quanto éramos felizes com este sonho
Sonhávamos em ter filhos, mas as contendas e a convivência nos faz esquecer o quanto nos sentíamos plenos em tê-los nos braços
Sonhávamos com a nossa profissão, mas as lutas e as cobranças nos fazem esquecer quando o coração não coube no peito ao conseguir o primeiro emprego, a alegria de receber o primeiro salário
Sonhávamos com o primeira casa, o primeiro carro, a primeira viagem com o amor, mas muitos desses sonhos ficaram em um passado longínquo, no sótão empoeirado de nossas lembranças
Sonhávamos muitas coisas embalados pelas nossas músicas preferidas, e quem nunca sonhou conhecer seu artista preferido?
Então, às vezes, temos que retirar um desses sonhos do sótão empoeirado
Assim, lembrando de apenas um deles, conseguimos lembrar quem nós somos, porque somos os sonhos que lutamos para serem reais
Um trabalho histórico tem em si uma parte muito importante que é o levantamento das fontes, e para mim as mais importantes são as primárias. Para uma análise mais imparcial possível, eu tenho que saber “o que N pensava, e não o que Y pensava sobre o que N pensava”.
Quando não conhecemos o autor original, replicamos frases de redes sociais que concordam com o que pensamos sem sequer analisarmos se tem lógica no pensamento do autor e da época. Sobre esse assunto, falo um pouco mais no meu post “Toulouse-Lautrec não era Elegante” .
Quando escrevo um post aqui, que geralmente faz parte de algo maior, como um artigo que será publicado em uma revista científica, a parte de um livro ou parte de uma disciplina acadêmica, eu pesquiso profundamente o assunto em bibliotecas confiáveis, em revistas sérias e bancos de imagens oficiais de instituições reconhecidas.
Mas tenho refletido bastante em como estamos perdendo a materialidade e a rastreabilidade das coisas, imersos em um mundo de nuvens e streamings; ainda mais por conta do avanço indiscriminado da Inteligência Artificial nas redes sociais sem uma regulamentação clara.
E pensando em o que tem acontecido nos últimos tempos, me preocupo com as futuras gerações e sobre o apagamento da história de qualquer coisa que não interesse aos que detêm o poder da informação.
Há alguns dias, uma destas bigtechs mudou o nome de uma região geográfica pelo capricho de uma pessoa. O mundo todo está vendo o nome oficial e “novo nome” escrito entre parêntesis. Mas em que momento esse parêntesis será apagado?
Ontem fui ao show do Sting aqui no Rio de Janeiro. Uma das coisas que mais respeito nele é sua posição em relação a alguns assuntos que são iguais ao que penso. Ele está fazendo uma turnê mundial, e provavelmente ao final a turnê editada irá para um streaming conhecido mundialmente.
Eu tenho DVDs, CDs, e Vinis que ainda ouço, então tenho a “versão oficial” das músicas, que refletem o que ele pensa. E se daqui a algum tempo alguma destas bigtechs não concordarem com o que ele falou em um show e resolverem suprimir um texto do discurso digitalmente, mudando o entendimento do que ele pensa?
O que fazemos com a nossa história?
O Holocausto existiu, a ditadura militar no Brasil existiu, a música Zombies dos “The Cranberries” não é sobre filme B de terror, mas sobre as mortes nos conflitos entre a Irlanda do Norte e as as tropas britânicas.
Imagem: colagem do filme “A Noite dos Mortos-Vivos” de 1968 dirigido por George A. Romero e do vídeoclipe “Zombies” do grupo The Cranberries
E por essas e outras, acho que o papel do Historiador é um dos mais importantes para amanhã não cometermos os mesmos erros que cometemos no passado.
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