Entre Ervas e Elixires: O Legado de Tapputi- Belatekallim na Química

O ano era de 1.200 a.C.  O lugar? A cozinha de algum palácio na região da Mesopotâmia.

Nesta cozinha, uma mulher chamada Tapputi experimenta não apenas diferentes plantas, mas também diferentes formas de extrair os “elixires” destas plantas. Seu segundo nome Belatekallim quer dizer “mulher orientadora de um palácio”.

Entre aromas e texturas, Tapputi começa a experimentar diferentes utensílios para melhorar seus processos de dissolução e extração das mais diferentes partes das plantas. Suas técnicas revolucionarias inventam ou aperfeiçoam a destilação, a enfleurage a frio, a tintura e a extração de aromas.

Ela também desenvolveu uma técnica para usar solventes – como água destilada e álcool de cereais – para tornar os aromas mais leves, brilhantes, de maior alcance e mais duradouros do que quaisquer outros óleos de perfume.

Esse processo era sagrado na antiga Mesopotâmia, pois o perfume era uma oferenda religiosa e era usado com frequência para ungir ícones em santuários no topo dos zigurates.

Tapputi melhora seus recipientes, e o que antes eram panelas, pratos e copos, agora se delineiam como recipientes próprios para ir ao fogo, suportar alcoóis e resinas, entre outros.

As plantas, divididas entre caules, folhas, frutos, raízes e flores, tiveram em cada parte sua a extração dos elixires, como seus odores e viscosidades que eram próprios. Dos elementos mais usados temos flores, óleo, cálamo, plantas do gênero cyperus, mirra e bálsamos.

E no interior deste recinto, surge aquela que é considerada a primeira química, que através da técnica, isola fragrâncias das mais diferentes espécies e as mistura, dando origem à química dos perfumes.

Sua figura e seu trabalho de perfumaria são descritos em uma peça com escrita cuneiforme datado de 1.200 a. C. da antiga Mesopotâmia. Dela não há nenhuma imagem que nos dê a idéia de como ela era fisicamente, mas felizmente seu legado ficou descrito nestes fragmentos de escrita cuneiforme.

as fotos das tabuas se encontram em diversos museus, sendo que a Cuneiform Digital Library Initiative possui um arquivo de imagens dos diversos fragmentos https://cdli.mpiwg-berlin.mpg.de/

Um dia frio…

Ontem foi um dia atípico para o carioca. Chuva fina, vento frio, céu nublado.

Mesmo sendo carioca, eu vejo poesia em dias nublados e chuvosos. Dias assim têm sua beleza pálida, sua melancolia.

O Pico do Papagaio, cartão postal da Reserva do Grajaú estava com algumas partes encobertas, não permitindo que os montanhistas escalassem seus segredos.

E eu não aproveitei para escolher um bom lugar para ler um livro. Ainda não consigo.

Ainda possuo as marcas profundas que a Síndrome de Burnout deixou em mim. Marcas que ainda vão demorar muito tempo para sumir. Processo lento e demorado que não se cura com umas férias, mas sim ao longo do ano.

Mas não me dou por vencida porque estou aprendendo a força e o poder de ser resiliente.

Aproveitei para ouvir alguns músicos que não ouço há algum tempo, pois ouvi-los na playlist do carro não nos permite saborear cada nuance de tom, cada acorde, cada parada.

Ontem me dediquei  ao blues e ao jazz. Aquele suingue gostoso da voz de John Lee Hooker e Taj Mahal. A melodia gostosa de Chet Baker, a saudade em cada nota de Léo Gandelman.

Me deliciei ouvindo um vinil de Al Jarreau cujo baterista era Jeff Porcaro, fundador da banda Toto.

Al Jarreau e Jeff Porcaro… Interessante como as vidas se entrelaçam, se cruzam, se contorcem para depois se separarem.

E assim, se hoje não vivo sem você, amanhã não sei onde você está. Mas isso não importa.

Importa que eu tenha te tocado de tal forma que você tenha levado uma nota minha, assim como uma nota sua compõe a partitura de quem eu sou.