Uma das maiores injustiças cometidas contra as mulheres cientistas certamente foi o ocorrido com Rosalind Franklin. Um química brilhante que contribuiu para a descoberta do DNA mas só ganhou uma homenagem póstuma enquanto que dois cientistas que trabalhavam com ela e tinham conhecimento de seus dados ganharam o Prêmio Nobel.
Rosalind Franklin foi uma química inglesa nascida em 1920 em Londres, e formada Cambridge, em 1941.
Já em 1942 era pesquisadora convidada pelo British Coal Utilisation Research Association (BCURA) e pelas suas pesquisas com o carvão, obteve seu título de Ph.D. em 1945.
Em 1951, no King´s College ela iniciou sua pesquisa na difração de Raio X, que contribuiria de forma irrefutável para a descoberta da estrutura do DNA, onde ela começou os estudos de comprovaçaõ que a molécula era uma dupla hélice.

Suas fotografias foram essenciais para a comprovação da estrutura do DNA, inclusive sendo utilizada pelo bioquímico norte-americano James Dewey Watson e os britânicos Maurice Wilkins e Francis Crick. Embora as fotografias fossem de propriedade de Rosalind, no artigo publicado na Nature, os cientistas ocultaram as descobertas de Rosalind, inclusive não divulgaram neste artigo o nome de Rosalind como a autora das fotos. Um caso clássico de roubo, não só de capital intelectual, mas também de material científico – as fotografias.
Por esta decoberta, Maurice Wilkins e Francis Crick receberam o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia (1962), sendo para mim uma grande injustiça. Embora eu tenha esta foto com os dois recebendo o Prêmio Nobel, me recuso a colocar no meu blog qualquer foto alusiva a este “roubo”.
Esta imagem ao lado é a famosa foto 51,que foi roubada pelos cientistas citados acima e que foi a prova da estrutura de dupla hélice. É obvio que a parte escrita da foto foi cortada, dando mais uma prova de uma falta do desrespeito entre os ganhadores do Prêmio Nobel


Em 1953 Rosalind se transfere para o laboratório de cristalografia J. D. Bernal, do Birkbeck College, Londres, onde continua suas pesquisas sobre as estruturas do carvão, do grafite, do vírus da poliomielite.
E depois de uma carreira brilhante, única, Rosalind descobre um cancer de ovário que a leva em1958, aos 37 anos apenas.
Em uma crise de consciência, James Dewey Watson escreveu um livro, The Double Helix (1968), onde admite que utilizou os dados e as fotografias de Rosalind sem sua permissão e conhecimento.
Na década de 2000, a Revista Time faz uma homenagem póstuma a Rosalind Franklin sobre os 70 anos da publicação do artigo da Nature sobre a descoberta.
(Imagem: capa da revista Time)

Quantas vezes nós mulheres somos invisibilizadas pela misoginia que abraça a área acadêmica? Porque ainda somos “punidas” com negativas de bolsas de pesquisa, de cargos gerenciais em instituições científicas – na realidade qualquer instituição ou empresa – até hoje, em pleno século XXI?
Não queremos homenagens póstumas, queremos ser respeitadas pelo nosso trabalho de qualidade, artigos nivel CAPES A, independente de qualquer coisa.
Até a próxima!
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